Psicodrama da Autossabotagem & Mudança de Atitude: Como foi o workshop

Esse workshop aconteceu no dia 10 de março de 2018, um sábado de sol e calor, no Instituto Casa do Encontro, no Campo Belo, zona sul de São Paulo, com pessoas bastante abertas e interessadas por seus autodesenvolvimentos. Curiosamente (ou não) só vieram mulheres.
A atividade foi concebida por mim e uma de minhas parceiras de trabalho, Rosangela Zarza – psicodramatista, coach e proprietária da Andaro – Educação e Desenvolvimento.
Para chegarmos nesse formato, utilizamos nossa experiência dando aulas-oficina de empreendedorismo para alunos de cursos tecnólogos de uma instituição de ensino técnico e superior. Além disso, já havíamos feito outro evento semelhante a esse, o “Fazer Acontecer 2016”, com um formato parecido, porém com uma parceira a mais, a Liliane Monay, também psicodramatista e profissional da área de RH.
O formato atual foi desenvolvido em duas partes: uma de psicodrama e a outra de coaching. Cada parte pode ser realizada de maneira independente, mas dessa vez decidimos fazer interligadas.
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Nesta postagem, falarei mais sobre a minha parte, que é o “Psicodrama da Autossabotagem”.
Convidei uma psicóloga psicodramatista, Simone Kohatsu, para ser minha ego-auxiliar nessa vivência. Resumidamente, um ego-auxiliar é uma extensão do que chamamos de diretor (aquele que conduz a atividade) e da pessoa que leva seu drama no palco do psicodrama. Ele desempenha papeis e coloca cargas comportamentais e emocionais dentro das dramatizações conforme a necessidade do momento.
A autossabotagem caracteriza-se por uma série de comportamentos que se repete ao longo da vida, em diversas situações e relações, e que traz sofrimento para a própria pessoa e/ou para os outros.
Esses comportamentos são construídos a partir das vivências e são sustentadas por emoções às vezes conscientes e, na maioria das vezes, inconscientes. Geralmente, agir dessas maneiras repetitivas traz ganhos secundários ao portador da autossabotagem, que não entende por quê se sabota, já que quer tanto conquistar alguma coisa, seja uma promoção no trabalho, uma mudança de carreira, começar um novo relacionamento afetivo ou até mesmo terminar um relacionamento que já não traz mais satisfação.
Na vivência do dia 10, três pessoas se candidataram a trazer suas histórias. O grupo elegeu uma delas. Era uma cena de uma moça (que chamarei aqui de “Ana”) que está em um restaurante com um rapaz que ela nomeou de “Narciso”, com quem está começando a sair. Acontece uma situação desagradável, na qual o rapaz ofende a moça, que na hora acha OK, mas depois começa a questionar o que houve ali. Ela não tem muita certeza se está exagerando ou se aquela atitude do rapaz foi controladora e ofensiva. Na cena dramatizada, ela traz uma força que a ajuda a falar algumas coisas a ele, mas corporalmente não consegue sair do lugar, ficando presa na cadeira do “restaurante”. “Narciso” se levanta e se movimenta em direção a ela, que continua não conseguindo sair. Pergunto: “Quem é essa pessoa?”. Ela responde: “É minha mãe!”. A cena se desdobra para a relação com sua mãe e em como ela fica na relação com seu pai, que é um péssimo marido, que a oprime. Desta cena, desdobra-se uma cena com sua avó, que também continuou casada com um homem que a oprimia. “Ana” percebe, então, que está carregando a responsabilidade dessas mulheres da sua família e por isso se sente muito cansada, inclusive fisicamente. A cena desenrola até que é finalizada no restaurante, “Ana” diante de todos os “Narcisos” de sua vida, com muito mais força, consegue se posicionar.
Chamo a outra pessoa (“Berta”) que levou sua situação para ser trabalhada e digo que, diante dela, estão todas as pessoas que fazem mal a ela. Esta fala tudo o que quer e peita essas pessoas quando a ego-auxiliar que representa todas essas pessoas se levanta para mostrar fisicamente o que fazem com ela. “Berta” mostra uma raiva muito forte, mas ao longo da discussão, vai percebendo que por trás dessa raiva existe muito amor e uma preocupação muito grande com um dos elementos ali representados, sua mãe. Aos poucos vai aparecendo o ressentimento de “Berta” diante da gestação “indesejada” da mãe e, na qual, a moça a julga por isso. A cena se desdobra para um reconhecimento pelos pais de como “Berta” está conduzindo sua vida pessoal e profissional. Chamo a terceira pessoa que levou uma situação (“Carla”), já que sua cena estava relacionada ao reconhecimento dos pais por ter se formado, fato que repararia a vergonha que ela tinha levado para a família ao engravidar sem planejamento durante a faculdade.
“Berta” diz a “Carla” que ela escolheu ter esse filho e que isso não era motivo de vergonha pra ninguém. Diante da situação, peço para “Carla” assumir o lugar da mãe de “Berta” e peço que esta última continue esse diálogo com sua mãe. Ela fica com raiva, se segura, mas depois de algumas discussões, acaba abraçando a mãe e compreendendo o caminho que esta escolheu.
No compartilhamento (etapa do psicodrama na qual as pessoas dividem seus sentimentos, identificações e as próprias experiências relacionadas ao vivido), as outras pessoas do grupo se identificam com o que aconteceu e é um momento muito forte, onde a troca aconteceu com honestidade.
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Enfim, essa é uma amostra do que aconteceu, é um recorte de todo o workshop. É uma degustação do que é o psicodrama e sua potência.
Agradeço às participantes pelo presente e pela confiança de terem trazido suas histórias de vida e agradeço à Rosangela pela parceria e pelo ótimo lanche que ela produziu e organizou. (Rosangela também é cozinheira de mão cheia.)
Nos vemos no próximo evento!

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